sábado, 21 de fevereiro de 2009

Lê Drugo


As vezes eu acordava e você tinha me perseguido no sonho. E quando eu acordava eu lembrava que não eramos nós e logo após o sonho eu quase podia lembrar do cheiro do seu cabelo, como quando eu dormia do seu lado na cama e acordava com o nariz encostando ele. Lembra que eu ficava olhando você dormir, arrumando os fios que cobriam seus rosto?


Bom, olha o que eu imaginei enquanto fazia a barba. Sonhos com você sempre me deixam mais tocado pela arte.
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Lívia e Nando estão conversando. Lívia, não importa o que aconteça, nunca vai mudar, e Nando nunca consegue esquecer por quem se apaixonou.

Lívia - Consegui de volta!
Nando - Juro por Deus, se eu soubesse que isso ia acontecer nunca tinha te mantido por perto.
Lívia - O quê? Por quê?
Nando - Eu estava gostando do seu caminho achado da vida, essa coisa de ter mudado, crescido, mas não achei que você ia conseguir o que queria. Na verdade era exatamente o melhor.
Lívia - Você não queria?
Nando - Não me leve a mal, mas você não merece (e eu sei que falo da vida como um lugar onde merecimento não toma lugar no julgamento das pessoas).
Lívia - Mas sou uma mulher agora, meu sofrimento me fez crescer, eu amadureci!
Nando - Meses de tristeza? Isso muda alguém? Pessoas já sofreram anos por arrependimento e amor apenas para, quando tiveram a chance, estragarem tudo de novo. Esse tempo não merece ter um objetivo, ele era um aprendizado. Um objetivo em si.
Lívia - Eu o amo!
Nando - Eu sei. E o que o seu amor já te trouxe? E o que você já fez pelo seu amor? Abrimos mão de nós mesmos e somos avisados que não somos mais a mesma pessoa; nos salvaguardamos e nós advertem sermos intransponíveis; até mesmo esse texto, tão irreal...só sei (e isso foi falado mais de maldade do que de sabedoria, pois era algo mais que se queria e não que se sabia) que agora ele não está com você, mas com alguém: e esse alguém é você. Qualquer outro alguém se adequaria ao lugar. A carência de momentos sem é suprida com um remédio conhecido, uma roupa que foi pensada jogada fora, mas na verdade estava num cabide do fundo, com um plástico protegendo da poeira (e mesmo plásticos protetores tem suas desvantagens, seu cheiro estranho e sua parcela de culpa).
Lívia - ...
Nando - Se ele voltar a gostar de você, voltar a te amar, até mesmo te amar, você se sentira convenientemente cômoda. E cômoda é um sentimento que te deixa impaciente. (Lívia - Deixava! e Nando - Deixava?). Até quando? Até a música começar a te chamar? Os teus sonhos infantis e sem lógica? Quando você começar a considerar um convite de dança mais agradável que um abraço na intimidade da manhã? Até onde eu vejo, existem essas duas opções; e quando a dúvida se instala, ela produz a todo vapor em um laboratório próprio seus químicos sedutores. Se isso acontecer, se você voltar a ser o que era mesmo que por um instante, ele vai te largar. E talvez largar o último pedaço do quebrado que você deixou quando partiu. Eu espero que o que ele tem não se torne negro. Não vou te perdoar se isso acontecer. Ou talvez sim; quem sabe o que resulta daí, certo? Quem sabe eu tenha um amigo novo para brincar. Um verdadeiro drugo no sentido da palavra (e na verdade não era).
Lívia - Isso não vai acontecer. Você está sendo infantil.
Nando - O que afinal é ser infantil? Você, com todas essas "mudanças" ainda ri como uma criança quando eu imito alguém famoso ou faço caretas. Não caio nesses velhos esquetes sobre como é ser novo e como é ser adulto. Deu pra ver que, por onde vai indo tudo, não se é mais assim. Jogaram fora essa parte do manual de instruções por vontade própria.

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